A importância da internet para igreja

CONFIRA

 








 

O Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais publicou em fevereiro de 2002 os documentos Igreja e a internet e Ética na internet. Por que dois documentos sobre o mesmo tema? Apresentando cada um dos textos, veremos o ponto de vista peculiar que os caracteriza. Quando um dos documentos remete ao outro, recorre-se à formulação “documento adjunto a este”. São, pois, complementares, porém autônomos, sem uma continuidade interna.

 


Igreja e internet: para um diálogo entre cultura e evangelização


O específico de Igreja e a internet é a consideração das “implicações que a internet tem para a religião, especialmente a Igreja católica” (n. 2). A introdução enfoca essa reflexão (nn. 1-4): o interesse da Igreja pela internet é um aspecto particular de sua preocupação por todos os meios de comunicação, considerados em forma positiva e como verdadeiros dons de Deus; o conjunto dos meios de comunicação são fatores culturais que concorrem para o progresso do reino de Deus na história; a internet introduz mudanças que influem “não só no modo como as pessoas se comunicam, mas também no modo como compreendem sua vida” (n. 2).

A Igreja, ao considerar os meios de comunicação, tem duplo objetivo. O primeiro: “fomentar o correto desenvolvimento e uso com vistas ao progresso humano” (n. 3), dialogando com os responsáveis dos meios para colaborar na elaboração de uma política adequada e para compreender bem a natureza mesma dos meios. O segundo: a Igreja se preocupa também com a “comunicação na e pela própria Igreja” (n. 3), já que a comunicação eclesial não se reduz a questões técnicas, mas, fundando-se na comunicação da Trindade, chega a ser uma qualidade essencial tanto na evangelização como na prática eclesial interna (cf. nn. 3-4).

Os católicos estão convidados a não “ter medo de abrir as portas dos meios de comunicação a Cristo” (n. 4). No capítulo 2, “Oportunidades e desafios” (nn. 5-9), afronta-se o fenômeno dos meios e da internet em relação à própria missão da Igreja. Dado que anunciar Jesus Cristo “às pessoas formadas por uma cultura dos meios de comunicação requer considerar atentamente as características especiais dos próprios meios, a Igreja precisa agora compreender a internet. Isso é preciso para comunicar-se eficazmente com as pessoas, de maneira especial com os jovens, que estão imersos na experiência dessa nova tecnologia” (n. 5).

Os meios de comunicação oferecem importantes benefícios e vantagens à Igreja; particularmente “a internet é importante para muitas atividades e programas da Igreja: a evangelização, que inclui tanto a reevangelização como a nova evangelização e o tradicional labor missionário ad gentes, a catequese e outros tipos de educação; as notícias e informações; a apologética, o governo e a administração; algumas formas de assessoria pastoral e direção espiritual” (n. 5). A Santa Sé está já presente na internet e, aos grupos vinculados à Igreja que ainda não deram esse passo, anima-os a considerar a possibilidade de fazê-lo quanto antes (cf. n. 5).

A internet deve servir também para a comunicação interna da Igreja, e, sublinhando a diferença entre o atual modelo de comunicação em rede e o do passado, “em uma só direção, de cima para baixo” (n. 6), o texto recorda outros documentos eclesiais já publicados que tratam da necessidade de “um fluxo bidirecional de informação e de opinião na Igreja entre pastores e fiéis” (n. 6).

Para um uso correto da comunicação na Igreja, o texto recorda a necessidade da formação: “a educação e a formação relativas à internet podem integrar programas globais de educação para os meios de comunicação acessíveis aos membros da Igreja. Na medida do possível, o planejamento pastoral para os meios de comunicação deveria prover essa formação aos seminaristas, sacerdotes, religiosos e às pessoas leigas, como professores, pais e estudantes” (n. 7).

A comunicação na internet apresenta à Igreja alguns problemas especiais, que põem em evidência alguns aspectos negativos. Em geral, a cultura dos meios de comunicação e da internet está impregnada “de uma mentalidade tipicamente pós-moderna” (n. 8); particularmente, a internet possui alguns sites que atacam e difamam alguns grupos religiosos e étnicos, sites pornográficos e violentos, sites que abusam da religião cristã, aplicando-lhe inclusive interpretações excêntricas da fé e práticas devocionais extravagantes.

Ademais, “a realidade virtual do ciberespaço tem algumas implicações preocupantes tanto para a religião como para outras áreas da vida. A realidade virtual não substitui a presença real de Cristo na eucaristia, nem a realidade sacramental dos outros sacramentos, tampouco o culto compartilhado em uma comunidade de carne e osso. Não existem os sacramentos na internet” (n. 9). É necessário considerar “como levar as pessoas do ciberespaço a uma autêntica comunidade” (n. 9).

Nas recomendações e conclusões (nn. 10-12), o texto contém uma exortação às pessoas presentes em todos os setores da Igreja para usarem a internet, já que “não é aceitável ficar atrás timidamente por medo da tecnologia ou por qualquer outra razão” (n. 10). Depois se oferecem palavras de alento para motivar positivamente, com relação à internet, diversos grupos: os dirigentes da Igreja, os agentes de pastoral, os educadores e catequistas, os pais, as crianças e os jovens (cf. n. 11). O último convite se dirige “a todas as pessoas de boa vontade”, para que vivam o fenômeno da internet sob a guia de algumas virtudes: prudência, justiça, fortaleza e valentia, temperança (cf. n. 12).



 

O texto Ética na internet foi redigido com o desejo de “expor o ponto de vista católico sobre a internet, como um ponto de partida para a participação da Igreja no diálogo com outros setores da sociedade, especialmente outros grupos religiosos, com relação ao desenvolvimento e ao uso desse admirável instrumento tecnológico” (n. 2).

A introdução (nn. 1-6) apresenta a reflexão, chamando a atenção para uma análise em torno da comunicação, que supõe, “mais que uma simples revolução técnica, a completa transformação daquilo por meio do qual a humanidade capta o mundo a seu redor e que a percepção verifica e expressa” (n. 1). O aparecimento e desenvolvimento da internet confirmam que ela “tem enormes consequências para as pessoas, para as nações e para o mundo, as quais aumentam diariamente” (n. 2). O interrogante ético se formula com base nessa explosão da comunicação e de seus influxos: “Como consequência de tudo isso, as pessoas são melhores e mais felizes?” (n. 1).

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